Não existe uma definição exata, mas os tecidos sustentáveis são, geralmente, feitos a partir de uma tecnologia inovadora para que eles se desfaçam na natureza depois de descartados. Também com o objetivo de reduzir o impacto ambiental, é usado menos água, evitadas substâncias químicas que possam contaminar o solo e os rios e emitido menos dióxido de carbono no processo de produção. Mas nem todos os profissionais do mundo da moda concordam com o termo sustentável, já que sempre vai existir emissão de CO2. “É louvável que a indústria têxtil adote tecnologias capazes de mitigar o dióxido de carbono, mas, como elas não zeram a emissão, o tecido não pode ser considerado sustentável”, alfineta a jornalista Iara Vidal, representante do movimento Fashion Revolution e pesquisadora independente dos encontros da moda com a política.

Foto: Aliya Wane

O termo tecido sustentável, segundo a jornalista, desvia o foco do que é realmente importante: por exemplo, valorizar o algodão agroecológico, caracterizado pelo cultivo familiar de subsistência e sem o uso de agrotóxicos. “O Brasil é o 5º produtor de algodão e apenas 1% é agroecológico”, afirma Iara. Reduzir a quantidade de tecido produzido também é uma medida a ser considerada pela indústria têxtil, que descarta toneladas excedentes todos os dias. O mesmo vale para a produção de roupas: estima-se uma produção anual de 80 milhões de novas peças, sendo que 40% desse total são pouco ou quase nunca usadas antes de serem destinadas aos aterros sanitários e lixões.

Tecido sustentável é aquele que já existe 

Percebendo o desperdício, algumas marcas passaram a aproveitar os resíduos,  que a indústria têxtil jogaria fora, para compor novas coleções. Alguns designers também têm transformado roupas prontas em peças atuais, no processo de upcycling, que, segundo Iara, promove uma moda regenerativa, preocupada não apenas com a estética, mas também com os valores sócio-ambientais que cada peça carrega.

No livro Com Que Roupa? (editora Paralela), a comunicadora e consultora de moda Giovanna Nader, dá outras sugestões para quem quer se vestir sem impactar tanto o meio ambiente:

. Valorizar a produção local

. Comprar roupas em brechós

. Participar de grupos de trocas entre amigas

*Recorrer aos aplicativos de roupas de segunda mão ou de marcas customizadas como a @thinkblue e a @vem.pra.roda.