Produzir roupas sustentáveis é pouco para compensar os estragos no meio ambiente acarretados pela moda – um mercado que gera, hoje, mais de 175 mil toneladas de lixo por ano, só no Brasil. Daí o empenho da Roda, Ventana, Estúdio Traça e outras pequenas marcas em desenvolver uma moda regenerativa, que, além de não provocar impactos negativos, ajuda na recuperação dos recursos naturais, contribuindo para a regeneração do planeta. 

Grandes fabricantes também estão se movimentando para desenvolver uma produção mais limpa, com materiais menos agressivos à natureza, e uso reduzido dos recursos naturais. Mas a moda regenerativa requer mais um passo. “Para ser considerada regenerativa, a marca precisa colocar os resíduos têxteis de volta no mercado”, explica a ecodesigner Mariana Amazonas, co-fundadora da Roda, marca e plataforma que lidera o movimento upcycling, que consiste em transformar peças que não estão sendo usadas em novas. 

Resíduos têxteis de volta no mercado

Além de uma produção sustentável, os grandes fabricantes teriam, então, que resgatar as peças que já foram colocadas no mercado para serem reutilizadas nas novas coleções. O processo, segundo Mariana, evita o descarte, o que significa menos lixo, e menos gastos com matéria-prima.  

Mas ainda é cedo para as grandes marcas se tornarem regenerativas, de acordo com 75% dos especialistas do mercado da moda que participaram de uma pesquisa, em 2019, das consultorias Future Impacts e 4CF. Nem por isso Mariana desistiu de implantar e disseminar seu projeto. “A moda regenerativa é o caminho para a indústria reduzir rapidamente a emissão de gases de efeito estufa e, com isso, ajudar a amenizar as catástrofes desencadeadas pelo aquecimento global", defende a ecodesigner. 

Marcas com logística reversa 

O consumidor também já pode dar seus passos em direção à moda regenerativa. Como? Procure marcas com estrutura de logística reversa ou de upcycling (processo de criação de novos itens a partir de materiais já existentes). Além da Roda, Ventana, Estúdio Traça (citadas acima), encontramos mais outras três marcas de moda regenerativa:

RODA (@vem.pra.roda)

Sabe aquelas roupas que estão no fundo do armário e você pensa em dar um fim? A Roda transforma em peças novas, com design exclusivo. É só levar a peça até o ateliê para ser repaginada por completo. 

DIRTY DYE ART (@dirtydye.art)

O projeto compra as roupas que foram doadas/vendidas para brechós e faz os reparos necessários. Em seguida, os artistas da marca desenvolvem novas estampas e repensam o design de cada peça.

ESTÚDIO TRAÇA (@estudiotraca)

A marca desenvolve o upcycling a partir de resíduos têxteis (principalmente de denim, matéria-prima mais utilizada) e também tecidos sustentáveis e reciclados.

VENTANA (@ventana____)

Camisas polo são transformadas em vestidos e tops viram gravatas. O trabalho da Ventana é totalmente focado no reaproveitamento de peças de segunda mão, retalhos e materiais que seriam descartados. 

COMAS (@comas_sp)

A marca aproveita o material de camisas produzidas pela indústria de confecção, mas que são impedidas pelo controle de qualidade de chegarem ao mercado. 

THINK BLUE (@thinkblue_upcycled)

Popular e democrática, a Think Blue Upcycled and Slow Fashion aposta na criação de peças a partir do reúso de roupas jeans garimpadas.